O que uma fábula nos conta sobre a reserva de segurança

Desde criança, eu fui fascinada por livros. Um dos meus favoritos, era Fábulas de Esopo, com lendas sobre os animais personificados, cheia de história e educação moral. O conto da Cigarra e a Formiga me chamava muita atenção. Enquanto a primeira aproveitava a abundância do verão sem preocupar com seu próprio futuro, a segunda era excessivamente preocupada com trabalho, pensando na sua reserva para os tempos mais frios do inverno.

Essa história traz uma ótima lição para adultos e crianças. Abrir mão de consumir imediatamente em prol do seu próprio (e incerto) futuro ou consumir todos os seus recursos agora e correr o risco de se privar no futuro.

Apesar de a história nos apresentar dois personagens de personalidades extremas, a cigarra perdulária e de estilo de vida bon vivant e a formiga avarenta, com dificuldade de aproveitar minimamente os esforços do seu trabalho no presente. Na vida real, não é necessário ter apenas duas respostas.

Um bom planejamento financeiro destinará parte das receitas pensando em pelo menos 3 momentos do seu futuro: algum imprevisto ou oportunidade que poderá acontecer em curto prazo; a segunda, naquele momento que carinhosamente chamamos de aposentadoria, mas que com certeza, não terá a mesma dinâmica que vemos nos tempos atuais; e, por fim, a realização de sonhos e de consumo, como uma viagem, uma troca de carro.

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Foto: Roberta Poppius
Lembra que na semana passada eu disse que eu falaria sobre a primeira meta após sair das dívidas? Alguns educadores financeiros chamam de reserva de urgência, ou de emergência… gosto do nome gentil de “colchão de segurança”. Esse colchão estará lá disponível tanto em casos de urgências (pra quem prefere o conservadorismo no seu planejamento) ou para você se sentir seguro para investir uma parte do seu patrimônio em diversificação, sem ter a preocupação sobre perder o controle sobre ele.
Outro motivo importante para se ter um colchão de segurança: quando falei sobre livrar das dívidas, orientei à reduzir o limite do cartão de crédito e retirar o serviço de cheque especial da sua conta. Toda vez que faço essa proposta aos clientes de consultoria, me perguntam sobre o que fazer se acontecer algum imprevisto? O colchão de segurança estará lá para isso, sem te expor aos piores e mais caros juros do mercado.

 

Mas como saber o valor dessa reserva e como investir? Primeiro volte lá nas informações no MÉTODO REAL. Apure sua renda disponível, avalie a proporção de gastos essenciais do seu parâmetro de consumo, avalie se possui plano de saúde e até mesmo um seguro contra a diminuição da sua capacidade de trabalho. Como ficaria essa capacidade de gerar renda? E que valor nessa reserva te deixaria tranquilo caso acontecesse um evento inesperado nos seu orçamento? Em geral, oriento o montante entre 3 até 12 vezes o valor das despesas essenciais mensais.

Agora que você definiu o valor da sua reserva, e de posse do seu orçamento pronto, você saberá em quanto tempo deverá investir para alcançar essa reserva completa. E deverá ser investida em produtos de alta liquidez, ou seja, na hora que você precisar, está fácil de sacar.

Muita gente ainda ama a poupança para essa reserva, mas cabe aqui um alerta importante, com a redução da SELIC nas ultimas semanas, a poupança passou a render 3,85% ao ano, ante a previsão de inflação de 3,65% para 2019. Em resumo, você corre o risco de perder o poder de compra do seu dinheiro, caso ele se mantenha em poupança. Para um exemplo, em 2015 ela apresentou retorno negativo em 2 pontos percentuais.

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Deixo aqui uma listinha de opções de investimentos mais rentáveis, mesmo após o imposto de renda:

TESOURO SELIC (paga 100% da SELIC)

CDB DE LIQUIDEZ DIÁRIA DO BANCO INTER 100% DO CDI

CDB DE  LIQUIDEZ DIÁRIA DO BANCO SOFISA 100% DO CDI

ATENÇÃO: Alguns bancos grandes oferecem fundos de resgate automático para substituir a poupança. Toda vez que estiver diante de uma proposta dessa, pergunte sobre a taxa de administração do fundo e qual percentual do CDI o fundo paga (CDI é sempre quase igual à SELIC). Na consultorias, constantemente me deparo com fundos que rendem menos do que a poupança.

Com essa reserva pronta, o orçamento estará protegido de qualquer emergência ou oportunidade que aparecer, além disso, você estará com a lição de casa pronta para aprender mais sobre o mundo das finanças e investir melhor.

Se quiser fazer a etapa do MÉTODO REAL com o meu modelo de planilha de planejamento financeiro, basta mandar mensagem pelo insta @catharina.sacerdote ou pelo e-mail planejar.catharina@gmail.com.

Até a próxima!

Cath 4

Catharina Sacerdote é graduada em Gestão de Pequenas e Média Empresa, pelo Centro Universitário de Brasília; Administração, pela Universidade Católica de Brasília; certificada em Psicologia Econômica pela B3 Educação, e pós-graduanda em Gestão de Investimentos e Riscos, pela FGV. Atua como consultora de planejamento financeiro pessoal e educadora financeira. É autora do projeto “Mulheres e Finanças”, com o propósito de empoderar mulheres através da educação financeira.

Um comentário sobre “O que uma fábula nos conta sobre a reserva de segurança

  1. concordo com quase tudo, menos na parte da poupança. Ainda que ela não rendesse nada, é uma bela ferramenta para o colchão de segurança, pois tem o principal que é liquidez e segurança. E com o passar do tempo, a RE vai representar uma porção bem pequena do patrimonio da pessoa, logo seu rendimento vai impactar quase nada no rendimento total da carteira.

    gostei do blog, vou seguir 🙂

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