Na semanas anteriores, falei sobre o meu método para organizar sua vida financeira (Método REAL – Parte 1 e Parte 2) e começar investir pensando em sonhos. Disse ainda que falaria sobre a meta mais importante após se livrar das dívidas. Mas como é que organiza quando descobre-se que gasta mais do que ganha? Como fechar essa equação?
No termos técnicos, qualquer educador financeiro dirá que seu orçamento é deficitário, ou seja, que está gastando mais do que ganha. Nem precisa citar que isso causa um efeito bola de neve para a maioria dos casos e, ainda, justamente pela situação ir complicando, as pessoas entram em dívidas caras.
Dívidas caras são aquela com os juros extremamente elevados, como, por exemplo, cheque especial, rotativos do cartão de crédito e, até mesmo, agiotas.
Estima-se que 40% da população adulta está com dívidas atrasadas ou negativadas. No DF, o percentual salta um pouquinho mais, para 43%. Ainda segundo os dados da Serasa Experian, 28,6% são para bancos e cartões de crédito.
Como se preparar e sair desse círculo de dívidas?
Antes de entrar na parte teórica do assunto, alguns aspectos emocionais precisam ser considerados.
Assumir que foram suas escolhas que te trouxeram para esse caminho. Assumir essa parte é também avaliar quais escolhas do passado que devem ser evitadas. O que pode ser modificado e por que isso é importante na sua vida?
Culpa e remorso não servem para resolver seu problema, de fato. O certo é olhar seu passado com olhar de investigador, se possível, como se fosse outra pessoa pedindo um conselho sobre dívidas.
Você terá que abrir mão de alguma coisa! Esse preparo emocional é extremamente importante porque quitar as dívidas devem ser a maior meta até que ela acabe. Dá pra quitar dívidas e não mudar nada, mas leva muito mais tempo pra resolver e perder mais dinheiro – porque necessariamente envolve se comprometer com juros mais altos. Reduzir o padrão de vida dói, mas a boa notícia é que todo mundo se adapta.
Utilize e aprimore as ferramentas para controle de gastos. Importante entender que o cartão de débito não é vilão, nem o de crédito, nem mesmo o cheque especial (apesar de você não precisar dele pra viver). Importante mesmo é ter meta e aprimorar a forma de controlar essas metas.
Reúna a família, conte para os amigos: o novo projeto de vida é se livrar das dívidas. Além do forte compromisso social, sua rede de contato é do bem, vai te apoiar.
Sobre a parte técnica, algumas sugestões:
Opte por pegar um empréstimo mais barato e acabar com outro mais caro. Isso quer dizer que se todo mês você entra no cheque especial, é necessário cobri-lo com um empréstimo mais barato, cancelar de uma vez e ajustar o padrão de vida para nunca mais depender dele.
A mesma coisa, muitas vezes, servem para os cartões. Reduzir o gasto, muitas vezes, é praticamente impossível, então, o foco deve ser em aumentar a renda ou diminuir o limite disponível – tudo para colocar as contas no azul.
Sobre os empréstimos, os comparativos devem considerar o tipo de empréstimo, número de parcelas e o CET (custo efetivo total) da operação. A regra de ouro é trocar sempre dívidas caras por dívidas baratas e, nesse caso, muitas vezes, vale a pena pedir portabilidade do empréstimo – isso é possível, acessível e relativamente fácil de fazer. Exige atenção e empenho, mas são suas contas e seu futuro quem vão agradecer.
Tenha também uma meta para amortizar o máximo de parcelas possíveis, sempre que qualquer renda extra aparecer – férias, pagamentos extra e 13º. Essa parte costuma ser muito “dolorida” para muitas famílias, mas a resposta é que quitar as dívidas deve ser sua principal meta.
Livrar o orçamento das dívidas é como pegar um passaporte novo para o mundo dos investimentos. Isso porque por mais austero que sejam seus investimentos, os juros cobrados pelas instituições sempre superam os ganhos nos investimentos. É como deixar o seu dinheiro trabalhar contra você.
Assim que esse plano estiver em prática, lembre-se de alguns mantras importantes:
1) Você não precisa de cheque especial, nem mesmo em caso de emergência. Quando não se tem esse tipo de produto e, de fato, acontece uma emergência, as pessoas recorrem direto às dividas mais baratas.
2) Parcelar não mata ninguém, mas fragiliza sua vida financeira. Opte por juntar para consumo. Se você não tem dinheiro para comprar sem ser parcelado, é porque não deve consumir. Estudos comprovam que gasta-se mais quando os limites de crédito são elevados. Reduza seus limites a valores que cabem no seu orçamento.
3) A educação financeira é aliada ao orçamento doméstico. Procure cursos, falar com as pessoas sobre o assunto, perguntar para conhecidos e aproveite o tanto de conteúdo gratuito que há na internet atualmente. Inclusive, segue lá meu instagram (@catharina.sacerdote).
Agora sim, sinto mais segurança para falar da segunda meta mais importante, aquela que vem logo depois de quitar a dívida e terá um peso para te livrar de vez dos “imprevistos” que te jogaram para o endividamento.
Vamos falar de finanças juntas? Todos os meus canais de comunicação são disponíveis, qualquer dúvida, basta enviar mensagem pelo insta @catharina.sacerdote ou pelo e-mail planejar.catharina@gmail.com.
Até a próxima semana!
Catharina Sacerdote é graduada em Gestão de Pequenas e Média Empresa, pelo Centro Universitário de Brasília; Administração, pela Universidade Católica de Brasília; certificada em Psicologia Econômica pela B3 Educação, e pós-graduanda em Gestão de Investimentos e Riscos, pela FGV. Atua como consultora de planejamento financeiro pessoal e educadora financeira. É autora do projeto “Mulheres e Finanças”, com o propósito de empoderar mulheres através da educação financeira.