Sobre Empatia na Paternidade

Empatia, do Dicionário Moderno da Língua Portuguesa: “Na psicanálise, estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que está sentindo.”

Mundo atual me remete muito à velocidade. E conectividade.

Infelizmente, muitas vezes, a conectividade é rasa. Ao mesmo tempo que estamos sempre compartilhando momentos em redes sociais, uma simples ligação tornou-se artigo de luxo no ato de se relacionar.

E, no nosso caso de pais, penso muito na palavra empatia, aí definida logo no início.

Na criação dos nossos pequenos, somos muitas vezes questionados, julgados e até apedrejados por tantas pessoas que nos rodeiam. Seja um chefe insensível com nossos esforços de sermos pais mais presentes, seja um vizinho que reclama do barulho causado por brinquedos que vão ao chão, seja uma senhorinha na rua que vê nossa criança chorando e já vem logo nos dar um puxão de orelha, dizendo que nos tempos dela, não era assim. Dos olhares tortos às mães que amamentam em público. Ainda mais, quando a criança já é mais crescida.

Machuca. E dói.

Por mais que a gente se esforce para nos fortalecer para aguentar a batida da onda, tem hora que este mar bate e consegue nos levar.

Muitas vezes, sinto muita falta de empatia.

Veja bem, empatia não é “dó”. Dó é um sentimento negativo. É quando a gente dá uma força, acreditando que quem recebe a ajuda é incapaz.

Empatia é algo positivo. É ajudar um pai com carrinhos de compra. É não buzinar nem xingar quando estamos parados no sinaleiro olhando para os filhos na cadeirinha tentando acudir com um choro desesperado. É abaixar-se na altura dos olhos de uma criança que está fazendo birra no aeroporto com os pais e oferecer um sorriso para que o pai consiga carregar suas malas. É dar o lugar na fila do supermercado para quem está fazendo compras com os filhos pequenos. É deixar que se pare em uma vaga “inadequada” para que os pequenos não tomem chuva ao entrar na escola.

Já evoluímos muito em termos de sociedade. Já aprendemos muito.

Mas ainda há muito o que se aprender.

Os pais hoje carecem de mais empatia. De um olhar diferenciado. De compaixão.

Menos dedos apontando e mais mãos ajudando.

Um filho cansado chorando pela madrugada agora no aeroporto enquanto os pais esperam a chamada dos comissários é um belo exemplo de como podemos ter mais empatia. Sim, o choro incomoda (há uma pesquisa realizada demonstrando que choro de bebê é o som mais irritante do mundo). E se incomoda as outras pessoas, imagine só os pais que podem já ter saído de casa com toda a carga envolvida. E que provavelmente ainda o ouvirão durante todo o vôo.

Precisamos exercitar a arte de se colocar no lugar do outro sem julgamentos, de compreender e aceitar diferenças, de respeitar o tempo e o espaço alheio, com reverência ao que a pessoa sente e é, considerando que, por mais sábio que eu seja (ou me considere) nunca verei ou sentirei como o outro, pois seu lugar é exclusivo, único.

Empatia está diretamente ligada à sabedoria de vida. E essa é (ou deveria ser) uma busca de cada um de nós.

Empatia

 

Gustavo, pai de dois, engenheiro, ciclista por necessidade, fotógrafo por paixão e escritor quando dá tempo.

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