Há algum tempo surgiu em mim a necessidade de buscar algum instrumental para lidar de maneira mais respeitosa com os desafios de comportamento da Isabela e da Laura.
Quando elas eram bem pequeninhas, imaginei que nada seria mais difícil do que aquele momento de doação total e irrestrita que era cuidar de gêmeas prematuras recém-nascidas. Mal sabia eu que a jornada estava apenas começando e poderia se tornar bastante complexa.
Não me entendam mal. Ser mãe é maravilhoso. É um mergulho absoluto para dentro de si, com a descoberta de um amor imensurável, a revelação de alegrias autênticas em coisas simples da vida e o desabrochar de um sentido totalmente novo para a própria existência.
Só que, ao longo dessa experiência transformadora, por vezes, pode nos faltar conhecimento, maturidade, consciência.
Eu passei a ter um contato muito íntimo com minhas falhas, defeitos, lacunas, sombras…
Sabe quando eles mais vem a tona? Quando estou no meu limite do cansaço físico, falta de tempo, desgaste emocional, pressa, impaciência…
Descobri que minhas filhas são as que, no dia a dia, mais sabem como me levar para esse lugar sombrio onde perco um pouco a racionalidade e a maturidade e reajo no modo automático e primitivo do “fugir ou lutar”. Nesse momento, reconheço, não sai coisa boa.
Foi quando as meninas completaram dois anos que eu comecei a viver isso mais de perto (e com maior frequência).
Elas começaram a manifestar toda a sua vontade e autonomia nos menores detalhes da nossa vida cotidiana (calçar um sapato para sair já não era uma tarefa simples como tinha sido). Nem sempre eu estava receptiva e aberta; havia dias em que eu queria que as coisas acontecessem do meu jeito (e rápido, de preferência).
No fundo, eu resistia ao fato de que as duas estavam crescendo, tornando-se conscientes do seu poder pessoal e da sua vontade própria e queriam fazê-los valer (ainda resisto, é verdade!).
Vivi (e ainda vivo) alguns conflitos entre gerações.
Com a chegada dos três anos, pensei que isso poderia melhorar, que o ambiente se tornaria menos conflituoso. Inocência minha…
Pois, quanto maiores as meninas ficam, mais voluntariosas, cheias de personalidade e vontade se tornam.
A verdade é que, em geral, buscamos filhos obedientes, disciplinados, seguidores das nossas regras. Quando esse plano perfeito não acontece na vida cotidiana, muitas vezes tendemos a nos sentir perdidos, sem saber como agir de modo adulto e eficiente nas situações que se apresentam.
Eu me vejo assim, oscilando e patinando nas minhas atitudes vez ou outra. Muitas delas, sou consistente, coerente, respeitosa… noutras, não tenho a menor ideia do que fazer (verdade seja dita) e ajo de uma maneira da qual não me orgulho muito.
A “Disciplina Positiva” chegou a mim nesse momento desafiador. De busca de estratégias para compreender a dinâmica da minha casa e a melhor forma de conviver com minhas filhas.
Já li livros, participei de workshops presenciais e a distância, conversei com muita gente entendida do assunto…
Quanto mais procuro uma boa solução para o meu desafio, vejo que é nesse campo que encontro respostas humanas, amorosas, respeitosas e coerentes; respostas que se harmonizam com aquilo que prezo na minha relação com as meninas, sobretudo o respeito, a empatia e o amor, que não podem faltar.
Foi nesse clima que decidi fazer a próxima Certificação em Disciplina Positiva voltada para a Primeira Infância pela Positive Discipline Association (que começa amanhã!!).
Esse é um marco que promete mudar bastante o nosso caminhar.
Vou dividir aqui nossas conquistas, porque certamente não estou sozinha nas angústias e inseguranças que a criação de filhos necessariamente nos trazem.
Se você está na mesma busca, te convido a dividir com a gente esse espaço de crescimento e (re)descobertas! Vamos?!