15 de março é o Dia Mundial do Consumidor e, nessa semana, as relações de consumo entram em destaque, mas sua regulamentação no que se refere às crianças e à infância ainda deixa a desejar.
As crianças, desde o nascer, já se revelam como pequenos consumidores. A gigantesca indústria que as envolve nos mais diversos setores dá fortes sinais disso.
As mensagens de apelo ao consumo são constantes nas mais diversas mídias e, se tem alto poder de sedução de adultos supostamente bem informados e intencionados como nós, o que podemos dizer dos pequenos cidadãos em formação que perambulam por nossas casas.
As mídias atuais educam para um consumo sem reflexão, muitas vezes desconectado da realidade familiar. As crianças, como alvos fáceis e vulneráveis que são, tornaram-se importantes destinatários de programações e mensagens de apelo ao consumo, de produtos licenciados, de embalagens chamativas, de personagens… linhas inteiras de produtos, de brinquedos, acessórios e roupas a creme dental… todos destinados aos pequenos.
Segundo o Instituto Alana, maior adversário da publicidade e do consumo infantil, “o consumismo é uma ideologia, um hábito mental forjado que se tornou uma das características culturais mais marcantes da sociedade atual. Hoje, todos que são impactados pelas mídias de massa, inclusive as crianças, são estimulados a consumir de modo inconsequente”.
A televisão, ainda o maior veículo de informação de massa no Brasil, dita grande parte das tendências de consumo. Daí porque é importante a reflexão sobre o tempo dos pequenos em frente à telinha: não, ele pode não ser meramente lúdico, mas pode representar fator importante na formação de padrões de consumo nas crianças (lembrando que a criança brasileira é uma das campeãs mundiais no tempo médio diário de TV, segundo o IBOPE, com 4h54 de média).
Como seres em desenvolvimento, as crianças não tem capacidade cognitiva para compreender o apelo consumistas nessas iniciativas e sofrem as conseqüências do excesso de consumo e da publicidade incitando-o (erotização precoce e obesidade infantil são alguns dos males relacionados à esse excesso, segundo estudos recentes).
O CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, ligado à Presidência da República, recomenda seja considerada abusiva toda publicidade direcionada a crianças.
É uma recomendação. Não é lei. Talvez por isso ainda vejamos todos os dias, toda hora, nas mais diversas formas, em quase todos os veículos informativos, publicidades clara e diretamente direcionadas às crianças. Prometendo alegria em forma de açúcar, sugerindo saúde dentro dos pacotes mais coloridos de guloseimas, colocando personagens e heróis para vender de brinquedos a escova de dentes…
Embora já experimentemos alguns avanços no tema, ainda é enorme a estrada a percorrer no caminho da evolução a um consumo efetivamente consciente e responsável.
Obviamente, dever partir de nós, adultos, a iniciativa de se informar e refletir sobre isso, para mudar hábitos, debater idéias, construir valores e para que, enquanto evoluímos e crescemos nesse mundo de modernidades (em que mensagens subliminares de consumo aparecem onde menos se espera), saibamos formar crianças saudáveis, livres dos excessos materiais desse padrão de consumo insustentável, crianças conscientes, de valor, que tenham, principalmente, seu tempo de infância respeitado, pelas mídias inclusive.