Todo pai e toda mãe bem intencionados querem, no mínimo, o melhor para os filhos.
Desde a gravidez, mudanças e esforços para alcançar “o melhor” já começam.
Quando o bebê nasce, os pais entram num modo de doação e amor inéditos. Passam por mudanças difíceis, mas tão naturais, que soam quase automáticas diante do novo momento da vida em família.
O bebê vai crescendo, suas necessidades e demandas vão mudando, os desafios na criação vão se sucedendo… pais e mães permanecem firmes no seu propósito da busca pelo melhor sempre.
Na verdade, esse é um conceito muito volátil, maleável, fluído e, sobretudo, pessoal e intransferível. O melhor para mim pode não ser o melhor para você, e vice versa. O que eu achava melhor ontem já não é o que acho hoje. O que, na teoria, parecia ser o melhor dos mundos, a prática mostra não ser bem assim.
É nesse processo de construção e reconstrução de nós mesmos e dos nossos conceitos que vamos nos formando como pais e mães. Porque, não, não nascemos prontos para esse papel junto com o bebê; aprendemos e nos descobrimos nessa função ao mesmo tempo em que a exercemos a cada dia.
Eu mesma já travei longos e difíceis embates comigo mesma para definir e conquistar o que seria “o melhor” para as meninas nas mais diversas situações pelas quais passamos juntas nesses quase três anos.
Nesse caminho, descobri a duras penas que a perfeição que eu muitas vezes buscava não apenas não era possível, mas sequer existia no mundo dos mortais.
Amadurecer como mãe me mostrou que, seja qual for a situação, somos a melhor mãe para os filhos e damos a eles o melhor quando, primeiramente, nos respeitamos na nossa humanidade, reconhecemos nossas limitações, nos conscientizamos da nossa falibilidade e reverenciamos nossa capacidade de tentar, errar, superar e reconstruir (a nós mesmas inclusive). Fazer o possível é fazer o seu melhor!
Cada casa é um mundo, portanto, não se comparar com as experiências alheias nem se impor regras incompatíveis com a própria realidade facilitam um bocado a missão.
Outro aprendizado mágico foi dar atenção também a minha criança, essa que eu ainda carrego aqui dentro (apesar de muitas vezes tentar escondê-la de mim e de todos). Observar o que essa criança interna ainda precisa e o que ela não teve na sua infância tem o poder de elevar a relação com os filhos a um patamar de honestidade e empatia libertador.
No fundo, esse melhor que queremos para os filhos muitas vezes se confunde justamente com o que esperávamos receber quando éramos criança. Pensar o que você teve quando criança e que até hoje te faz sorrir ou ainda o que lhe faltou e deixou marcas na vida adulta, pode ser um lindo guia de como ser o melhor pai ou mãe para seus pequenos.
Não falo aqui do “ter” no sentido material da palavra, mas principalmente no sentido afetivo.
Se te faltou colo, dê muitos e muitos colos para o seu filho, mesmo que ele tenha ficado grande para isso.
Se faltou abraço e beijo, abrace e beije muito seus filhos; muito provavelmente eles irão retribuir na mesma moeda.
Se queria muito ouvir aquele “eu te amo”, diga, todos os dias, que ama seu pequeno e o quanto ele é importante para você.
Se faltaram momentos felizes em família, construa os seus momentos felizes hoje.
Se faltou compreensão, seja você compreensivo e tolerante com os seus.
São muitas as formas de se conectar de maneira amorosa e verdadeira com os filhos. Ao mesmo tempo, podemos satisfazer nossa própria criança e curar feriadas que ainda possam estar abertas.
Nesse caminho, nunca se esqueça de ser bom consigo mesmo. Ninguém consegue amar verdadeiramente o outro sem se amar em primeiro lugar (“ame o próximo como a ti mesmo”, alguém deveras importante disse isso tempos atrás).
Ser mãe/pai é uma experiência que mexe profundamente com nossas estruturas e certezas. Precisaremos nos desconstruir e reconstruir algumas vezes ao longo desse processo, portanto, ter a mente aberta e olhos atentos é passo fundamental para fazer as melhores escolhas, não apenas para nós, mas principalmente para eles!
Maravilhoso texto!
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Obrigada<3
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