“Medo, mamãe!!!”: como agir diante dos medos infantis?

As meninas começaram agora com uma fase de medos que muitas vezes me deixa de saia curta.

Num dia, elas eram destemidas, curiosas e obstinadas, no outro, começaram a mostrar medos e a se assustar com coisas triviais, que antes nem chamavam sua atenção.

Quem mais tem se mostrado sensível é Laura. Ela se assusta, corre ao nosso encontro, agarra as pernas, pede colo, chora e agora diz “medo, mamãe” (Fiquei pensando com meus botões como ela começou a associar o sentimento à palavra. Ela aplica a palavra “medo” nas situações precisas em que  se sente assustada ou impressionada com algo). As vezes é algo novo que desperta isso, mas não necessariamente.

Isabela não expressa tanto medo. Apenas algumas vezes, em situações pontuais. Na maioria delas, é bem tranquila. Só que, quando a irmã demonstra susto ou insegurança, chora e, sobretudo, diz que está com medo, Isabela se solidariza e começa a dizer que está com medo também. As vezes a situação fica um pouco caótica, com muito choro e algum estresse. Em outras, é resolvida de modo mais leve.

Outro dia entrou uma cigarra lá em casa: instalou-se um cenário de terror que demorou para passar. Agora elas sempre se lembram da cigarra e, quando as cigarras cantam (o que na época de chuva em Brasília é uma constante, já que elas estão por todos os lados), as meninas já ensaiam o choro; tenho conseguido contornar e fazer com que fiquem mais familiarizadas com a bichinha, mas não é sempre.

Certa vez, passamos na frente de um mercado e tinha um sujeito fantasiado de batata distribuindo giz de cera e cadernos de colorir para as crianças. Teria sido bacana se não tivesse sido tão trágico. Laura simplesmente se apavorou. Chorava compulsivamente e repetia que estava com medo. Olhava de canto de olho para a batata e em seguida para mim, pedindo colo. Se a batata fizesse menção de chegar perto, ela gritava. Isabela e Laura estavam no carrinho e eu tinha a intenção de fazer umas pequenas compras, mas tive que abortar a missão: fui embora correndo, fugida. Laura chorou mais vários minutos seguidos, mesmo diante das minhas tentativas de acalmá-la. Passou mais um longo tempo se lembrando da batata e dizendo que estava com medo. Isabela também deu seus choramingos.

medo-mamae2O que mais tem assustado as duas nessa fase são barulhos e bichos. Barulhos que elas não conhecem logo causam certo espanto. Barulhos mais altos também. Bichos estranhos as assustam bastante. Se forem bichos estranhos e barulhentos então, é choro certo (e longo).

Algumas pessoas também as assustam, principalmente aqueles desconhecidos que querem ser super simpáticos e melhores amigos no primeiro segundo de contato com as meninas (esse espanto delas eu acho até saudável porque realmente não é bom ir com estranhos).

Por mais que tentemos encarar com naturalidade, desmistificar o medo, mostrar que não há problema ou perigo e fazer com que se sintam seguras, as vezes o processo interno de apavoramento que se desencadeia dentro delas é difícil de conter.

Evito rir, dizer que é besteira ou diminuir o que elas sentem, porque aquilo é bem sério para elas, por mais bobo que pareça aos olhos adultos.

medo-mamae

É uma fase complicada, porque traz surpresas com as quais podemos não estar muito preparados para lidar e pode sair do controle. Mas também é uma fase importante: medos são fundamentais para nos lembrar dos nossos limites e nos colocar em segurança diante de situações que não dominamos. É algo primário, primitivo mesmo.

A nós, mães, pais, adultos, cabe dar segurança e mostrar acolhimento à criança nessas horas. É o que poderá começar a ensiná-las a se fortalecer e ganhar segurança até se tornarem adultos seguros e que, de preferência, confiem em seus instintos.


Fotos: Altarta, 4daddy, Maternidade simples

 

Deixe aqui o seu comentário!

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s