A amamentação para nós sempre foi uma questão delicada. Desde o início, como já contei por aqui. Tivemos altos e baixos, muitas dificuldades, dúvidas e inseguranças. Nosso começo foi dolorido, sacrificante até. Com o tempo a coisa encaixou e fluiu de uma maneira mais natural. Passei a adorar amamentar as meninas. Só de pensar no desmame já ficava um pouco angustiada. Esse é um vínculo importante não apenas para elas, mas também para mim.
Nossas dificuldades com o sono da noite e o fato de as meninas acordarem muitas vezes na madrugada trouxeram a debate o tema do desmame noturno. No início, eu estava relutante, mas depois de um tempo, era eu quem queria que as meninas não mamassem mais a noite. Eram basicamente dois os motivos: 1) passou a me incomodar o fato de elas acordarem querendo o peito, mamar 2 ou 3 minutos e voltar a dormir (elas voltavam a dormir, eu nem sempre); 2) a ideia de desmamá-las à noite parecia ser uma forma de tentar melhorar a qualidade do nosso sono e tentar fazer com que as meninas acordassem menos de madrugada.
Foi pensando nisso que, um belo dia, quando Isabela e Laura estavam com um ano e oito meses, decidi que não daria mais o peito para elas quando acordassem de madrugada. Não estudei um método, não apliquei uma técnica, não testei teoria… Apenas decidi não mais dar de mamar à noite. Iria oferecer apenas água quando Isabela e Laura acordassem e as faria dormir de outra forma, ninando, cantando, embalando… sem peito!
Já me disseram que normalmente é a mãe quem não está pronta para esse tipo de decisão; a criança acaba surpreendendo e encarando super bem a mudança. Foi exatamente isso que aconteceu conosco! O receio e a insegurança eram meus. Depois que tomei a decisão e coloquei em prática, a resposta da Isabela e da Laura foi ótima, as duas foram bastante compreensivas e muito pouco relutantes.
Todos os dias, antes da mamada da noite, explicava para elas que elas estavam mamando para ir dormir e que depois mamariam de novo apenas na manhã seguinte, quando o sol nascesse.
Nas primeiras noites, as duas continuavam pedindo “mamá” quando acordavam na madrugada e era eu quem ia atendê-las. Isabela resistia um pouco mais às minhas negativas e explicações. Laura se conformou mais fácil e logo parou de pedir.
Depois da primeira semana, eu não tinha mais problemas: não tinha que negar o “mamá”, nem dar muitas explicações, porque elas pararam de pedir. Claro que isso não é regra absoluta! Há dias mais estressantes, em que elas demonstram estar mais inquietas e acabam pedindo para mamar ao acordar a noite. Eu me mantenho firme na decisão e não abro exceções. Tenho receio de que as exceções possam confundir a cabecinha delas e atrapalhar todo o condicionamento que já alcançamos, de não associar acordar a noite com leite.
Um dos meus medos era que tirar o peito das meninas a noite fizesse com que elas se desinteressassem por ele também de dia. Isso não aconteceu (ufa!)! Elas continuam pedindo e querendo mamar logo que acordam e antes de dormir; quando estamos juntas durante o dia, também pedem “mamá” quando precisam de um chamego.
Nosso objetivo de fazer as duas dormir melhor à noite e acordar menos durante as madrugadas ainda não foi alcançado, tenho que admitir. O desmame noturno não trouxe o milagre da noite inteira de sono, mas tivemos avanços: elas estão acordando um pouco menos, os intervalos de sono tem tido uma duração maior, conseguimos acalmá-las com mais facilidade, até mesmo sem tirar do berço, e, principalmente, eu não tenho me frustrado e estressado tanto durante nossas noites e, com isso, não afeto as duas com meu estado de espírito, nem transmito para elas esses sentimentos negativos.
Realmente acredito que o tempo para se iniciar o desmame, seja ele noturno ou completo, é uma decisão que cabe única e exclusivamente à mãe e ao bebê. Terceiros que pretendam se meter nessa equação atrapalham mais do que ajudam. É preciso amadurecer esse processo dentro de si para então colocá-lo para fora em forma de decisão e atitude.
Amamentar é mesmo um ato de amor e só é válido enquanto é bom para todos os envolvidos. Até o tempo recomendado para aleitamento materno exclusivo, as necessidades do bebê são determinantes e nos impõe vários sacrifícios. Depois, o conforto e o bem estar da mãe ao amamentar também passam a ser fatores importantes. Não estava bom para mim amamentar as meninas madrugada afora e foi por isso que tomei a decisão do desmame noturno. Isso não significa mais ou menos amor, é apenas uma mudança de página na nossa história que ainda tem muitos capítulos…
nossa, Pri! amei o post. sempre se tem mil e uma formas de tentar resolver as coisas com nossas pequenas, mas no fim o coração deve sempre falar mais alto.
já estou pensando no desmame noturno (Marina está com 1 ano e 3 meses) mas confesso que mesmo sendo puxadas as noites, ainda curto dar o mamá nessas horas.
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De! Fico muito feliz que gostou. Com certeza, essa é uma das horas q temos q ouvir o coração. E a decisão é apenas nossa (ou deveria ser!). Beijos!
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