Sempre nos perguntam se tivemos ajuda para cuidar da Isabela e da Laura logo que elas nasceram e se temos ajuda com elas hoje em dia. Para hoje a resposta é sim, mas nem sempre foi assim.
Logo que as meninas nasceram, ficamos eu e o pai delas exclusivamente em função dos cuidados com as duas. Não contratamos ninguém para nos auxiliar nos primeiros três meses. Nessa época, éramos nós quatro e alguns parentes que passavam lá em casa em momentos pontuais para fazer uma visita e dar um apoio moral e/ou braçal com as meninas (as vezes para apagar algum incêndio de última hora!).
Minha mãe foi a ajuda mais constante e frequente que tínhamos então. Foi essencial tê-la por perto. Foi ela quem me deu as primeiras pedras do caminho, quem me ensinou o básico – do banho à troca de fraldas –, quem me levava comida gostosa, quem ficava com as duas bebês sozinha para eu descansar ou mesmo tomar um banho mais demorado, quem me acompanhou em várias madrugadas insones, quem me dava o apoio para não cair e quem me estendia uma mão carinhosa para me levantar quando eu já estava esborrachada no chão.
Foi importante essa presença, mas também foi difícil: todos temos nossas questões com a própria mãe e eventuais cobranças e julgamentos (recíprocos) nesse momento delicado torna o terreno um pouco arenoso.
Comecei a me sentir extremamente sobrecarregada nesse tempo. Não conseguia comer nem dormir direito; as vezes conseguia tirar o pijama já de tarde e tomar café da manhã na hora do almoço; banho era item de luxo, assim como comer comida quente. rs Um cenário pouco glamouroso!
Foi quando decidimos contratar uma ajuda profissional para nos auxiliar nos cuidados com as meninas e tomar um pouco de fôlego. Foi a melhor decisão (e fez pensar porque diabos não fizemos isso antes)! Quando Isabela e Laura contavam uns três meses, contratamos uma enfermeira que vinha dias certos durante a semana e também no final de semana. Passei a ter um pouco mais de tempo para mim (digo para ir ao banheiro, tomar banho e comer, nada de passeio no shopping, corridinha no parque, muito menos baladinhas. rs), conseguimos construir melhor uma rotina para as meninas e todos chegávamos ao final do dia mais inteiros.
Conforme as meninas cresciam, a necessidade dessa ajuda passou a ser ainda maior. Eram banhos de sol, passeio de carrinho, introdução alimentar, saltos de desenvolvimento, dentes, vacinas, viroses, fora todos os cuidados básicos diários que um bebê requer (dois bebês então…).
Além disso, logo eu voltaria ao trabalho e o ideal era ter uma estrutura de cuidados para Isabela e Laura já definida para a minha ausência, considerando que não pensávamos em colocá-las em creche tão novinhas.
Desse momento em diante, sempre tivemos uma pessoa de confiança, fora do círculo da família, para auxiliar no cuidado com as meninas. Quando a ajuda falta, por qualquer razão que seja, eu sinto a diferença no meu dia. O cansaço não é apenas físico, mas é também mental e emocional. Ficar exclusivamente em função do bebê ao longo do dia sobrecarrega e isso é mais intenso para a mãe, que é constante e fortemente demanda pelas crianças (não estou reduzindo a importância da figura do pai, mas a verdade é que mãe é mãe mesmo e, em alguns momentos, só ela serve, mais ninguém).
Já comentei aqui que durante a semana as meninas ficam sob os cuidados de uma babá. Aos finais de semana, elas ficam exclusivamente conosco, pai e mãe; as vezes somos salvos pela avó ou tia em alguma parte do dia, o que é bem esporádico, na verdade.
Quando a segunda feira chega, talvez estejamos mais cansados do que terminamos a sexta-feira à noite. Digamos que nossos finais de semana costumam ser bem intensos e emocionantes.
É por tudo isso que é cada vez mais firme minha certeza de que ajuda para cuidar dos filhos não é luxo, fraqueza, nem muito menos frescura. É uma questão de sanidade mental!
Precisamos de um suporte para exercer com o mínimo de qualidade a maternidade/paternidade. Aquele papo de “quem pariu Mateus que o embale” é de uma desumanidade sem tamanho! A verdade é que a maternidade não deveria ser uma jornada solitária; a criação de um bebê deveria envolver toda uma comunidade: é preciso bem mais do que dois braços para embalar um filho.
Claro que não estamos tratando aqui de terceirizar a educação nem de delegar a parentes ou estranhos a função de mãe/pai. Precisamos de outras pessoas por perto para nos ajudar a sermos mães e pais inteiros e conectados conosco mesmos e principalmente com nossos filhos. Quando estamos sobrecarregados, dominados pelo cansaço, impaciência, estresse, preocupação, insegurança, certamente não damos aos filhos nossa melhor parte e eles sentem isso. Sem respirar, fica difícil ter fôlego.
É por isso que sempre faltarão palavras para agradecer todos aqueles que, ao longo da nossa jornada, ofereceram, oferecem e ainda oferecerão suas mãos, seus ombros e seus colos, não apenas para as meninas, mas principalmente para a mãe e para o pai delas…