Uma coisa legal de ter filhos gêmeos é descobrir que bebês têm alto potencial de socialização.
Já na gravidez, Isabela e Laura começaram a dividir. No início, elas eram minúsculas e o espaço na barriga, enorme, então não havia muitas disputas. Depois de certo tempo, a coisa apertou e era um tal de empurra de lá, chuta de cá (acho que minhas costelas, bexiga e estômago até hoje devem ter marcas desses pezinhos!). A cada ecografia elas estavam em posições diferentes, o que indicava uma intensa movimentação por ali.
Isabela nasceu primeiro. Laura veio em seguida, um minutinho depois.
As duas tiveram que passar uns dias na UTI Neonatal, mas as incubadoras eram uma ao lado da outra. O contato era quase inexistente porque cada uma ficava na sua caixinha e ia para o colo do pai ou da mãe alternadamente; mal se encontravam, mas permaneciam lado a lado. Talvez o momento de maior distância entre elas foi quando uma recebeu alta para o quarto do hospital e a outra ficou mais uns dias na UTI: não fomos apenas nós pais que sentimos isso; elas certamente sentiram tanto ou mais que nós.
Depois que fomos para casa, elas voltaram a dividir o mesmo ambiente e todo o resto. Era o mesmo quarto, o mesmo berço, o mesmo colo, o mesmo momento de amamentar, as mesmas roupinhas…
Conforme elas foram crescendo, a interação foi aumentando.
Passaram a brincar no mesmo sofá, na mesma cama ou no mesmo tapetinho, com os mesmo brinquedos, obviamente.
As cadeirinhas de descanso ficavam lado a lado, então Isabela fazia um barulho de um lado e Laura acompanhava do outro.
As duas iam juntas pro chão, no tapetinho de atividades. Alguns chutes, socos leves, dedos no olho e cabeçadas foram inevitáveis. Coisas de irmão, gêmeo ou não. rs
As refeições são feitas quase todas juntas também. O que pode ser bom ou bem ruim, a depender se alguma delas está em um mal dia. Cada uma tem suas preferências, mas no geral, até no apetite se assemelham.
Uma sempre esteve presente nos momentos importantes da outra. Fosse vacina, primeira vez a sentar, engatinhar ou andar, primeiro passeio na casa da vovó, primeira viagem, primeiro tombo, primeiro Dia das Crianças ou primeiro Natal. Se uma estava, a outra estava também.
Podemos contar nos dedos as situações em que se separaram por alguma razão. Talvez para uma ida de emergência ao pediatra ou uma volta de carrinho pelo quarteirão enquanto a irmã dormia em casa.
O choro de uma incomoda a outra.
O riso da Isabela inspira a Laura.
A gargalhada da Laura chama a Isabela.
As invencionices de uma são adubo para a criatividade da outra.
Talvez Isabela fosse mais quieta se Laura não estivesse por perto e Laura fosse mais tranquila sem a Isabela do lado. Nunca saberemos…
O fato é que vê-las esse tempo todo compartilhando a vida e os momentos é inspirador. A conexão entre as duas é visível mesmo aos olhos dos menos observadores.
Elas têm seus momentos sozinhas, mas, mesmo nesses, lembram da irmã. Procuram. Perguntam. Vão atrás. Para levar o brinquedo. Para mostrar a nova descoberta. Para ficar do lado…
Claro que elas têm seus momentos de disputa, ciúmes, briga, picuinha, empurra empurra, morde daqui, bate de lá. Natural… Em seguida fazem as pazes e trocam abraços, beijos, carinho, brinquedos e sorrisos.
Mesmo quando estão no meio de outras crianças, elas se procuram. São mais soltas quando estão juntas. Quando separadas, parecem mais acanhadas.
Acredito que pelo fato de Isabela e Laura terem sempre a companhia uma da outra, a convivência com outras crianças acontece de maneira bem fácil e natural. Elas não são nada recatadas. São extrovertidas, trocam brinquedos, abraçam, beijam, correm atrás dos amiguinhos, ficam de curiosas nas brincadeiras dos mais velhos.
Ter irmão, gêmeo ou não, enriquece. Sem sombra de dúvida…
Por isso, é cada vez maior minha certeza de que o melhor que eu fiz para a Isabela foi a Laura e que o melhor que fiz para Laura foi a Isabela.