Estava eu fazendo uma limpa nas minhas anotações quando encontrei uma nota onde escrevi sobre minhas dúvidas na amamentação das meninas logo nas primeiras semanas em casa e pedi ajuda em um grupo virtual de amamentação
Olha só:
“Olá. Gostaria da ajuda de mães de múltiplos sobre amamentação de gêmeos. Tive gêmeas, duas meninas, que nasceram prematuras com 33 semanas e 5 dias. Elas ficaram cerca de 20 dias na UTI neonatal, depois do que recebemos alta para o quarto e em seguida para casa. Na UTI, acabaram recebendo leite artificial pq o estoque do BLH estava baixo e meu leite não era suficiente. Em casa, porém, tenho me esforçado para amamentar as duas exclusivamente no seio, evitando o complemento com LA. Em consulta com o pediatra, verificamos que as meninas estão ganhando peso e, por isso, mantivemos a amamentação exclusiva (elas saíram do hospital pesando 2,130 e estavam na última pesagem com 2,500 e 2,300 cada). As dificuldades para isso são muito grandes contudo. Os intervalos entre as mamadas são irregulares (as vezes chega a 4h, mas tb pode ser de 1h30, já q estamos em livre demanda) e o tempo da mamada varia bastante. Sinto que elas tem apenas necessidade de sucção em alguns momentos, mas não consigo mantê-las todo o tempo que gostariam no seio porque a amamentação das duas toma bastante tempo e, fora dela, preciso de um mínimo de tempo para descansar, me alimentar etc. Nesse processo, algumas questões me angustiam:
– Tenho medo de que a rotina desgastante de amamentação das meninas acabe interferindo na produção de leite, diminuindo-a, ja que não tenho conseguido tempo para descansar da forma ideal;
– Não tenho a exata noção do quanto de leite é ingerido por elas em cada mamada e tenho receio de estarem com fome (anoto horário e duração das mamadas e percebo q variam muito);
– Em alguns episódios de irritação das bebês que parecem muito cólica, a necessidade de sucção fica muito grande; elas apenas acalmam no seio e, como isso pode demorar horas, acaba interferindo nas mamadas e atrapalha o enchimento da mama. Resisto em dar chupeta, mas não sei ate quando conseguirei;
– Não sei como conseguir tempo de descanso para estimular a produção de leite já que a livre demanda acaba inviabilizando qualquer espécie de rotina mais rigorosa para as mamadas;
– O tempo também é curto para ordenhar leite do seio e reservar em congelador para eventual necessidade de oferecer para elas em situação de emergência, o que acaba tornando o LA a opção para um caso emergencial;
– Tenho alternado os seios entre as bebês a cada mamada (as vezes, depois de umas duas ou três mamadas, mas sempre procuro alternar). Não sei se essa estratégia é correta;
– Dar de mamar para as duas ao mesmo tempo seria uma boa para otimizar o tempo, contudo, ainda é complicado porque elas são muito molinhas e fica difícil sustentá-las bem assim; além disso eu tenho q estar atenta à pega, o que não e possível com as duas no seio ao mesmo tempo.
Alguém teria alguma sugestão para me auxiliar nesse processo e esclarecer as dúvidas colocadas!?
Obrigada!!!”
Relendo essa nota veio de novo aquela ansiedade e inquietação que essas dúvidas me geraram na época. Foram tempos difíceis. Foi muita superação e dedicação. A novidade da rotina de duas bebês prematuras aliada à erupção hormonal no pós parto me deixou bastante sensível. A amamentação foi um tema especialmente delicado para nós.
Sempre tive muita vontade de amamentar Isabela e Laura e, por isso, procurei ajuda com especialistas em amamentação, bancos de leite e grupos de apoio ao aleitamento materno.
Meu agradecimento a todos que me ajudaram nesse caminho é sem tamanho! Agradeço cada dica, conselho e estímulo que recebi das mais variadas fontes. Foi isso que permitiu Isabela e Laura mamarem no seio até hoje, com um ano e meio!
Registro aqui alguns agradecimentos especiais:
À equipe de enfermeiras, fonoaudióloga e ao Banco de Leite do Hospital Santa Lúcia;
Ao Banco de Leite do Hospital Materno Infantil de Brasília;
Ao Grupo Virtual de Amamentação;
Ao Grupo Parindo Gêmeos;
A Chris Nicklas do Amamentar É;
Às minhas amigas mamães que souberam me acolher e ajudar nessas dificuldades, especialmente Vicência e Ana Julio;
Ao Pablo, que sempre esteve do meu lado em todas as horas e quase todas as mamadas;
A minha Mãe, que sempre esteve disposta e disponível para me ajudar, a hora que fosse;
A Isabela e Laura, que, com paciência, vêm me ensinando a cada dia o significado e a beleza de ser mãe.