Passear com bebês gêmeos por ai chama muita atenção. Não tem como passar desapercebido. Você logo nota os olhares e os comentários das pessoas. Alguns só conversam entre si, espicham o olho quando o carrinho ou as crianças passam e saem sussurrando suas impressões; outros não conseguem conter a curiosidade e param para puxar um papo e fazer algumas perguntas básicas.
As conversas normalmente seguem um script padrão:
– Nossa! Dois! São gêmeos?
– Sim!
– Um menino e uma menina?
– Não, duas meninas.
– Quais os nomes?
– Isabela e Laura
– Lindos nomes. Elas são iguais?
– Não, eu acho elas muito diferentes.
– Ah, eu acho elas iguais! (tem essa opinião) ou Ah! Verdade. Elas são bem diferentes (ou essa outra opinião)
– Você acha?
– Aquela ali é mais cabeludinha né (Laura) . A outra é mais carequinha (Isabela). Mas as duas são bem moreninhas.
– Isso. A Laura já nasceu com muito cabelo. Isabela está com mais cabelo agora.
– Elas são lindas.
– Obrigada!
– Dão muito trabalho? (essa NUNCA falta)
– Dão bastante. A fase mais difícil já passou, hoje é mais fácil cuidar delas.
– Você tem ajuda em casa? Porque sem ajuda não dá né….
– Sim, tenho ajuda.
– Nossa, se um dá trabalho, imagina duas…. (essa também SEMPRE rola)
– Verdade. É um trabalhinho…
– Boa sorte.
– Obrigada.
– Tchau, Isabela. Tchau, Laura.
– Dá tchau para a titia/o titio… tchaaaau… (e segue a expectativa de elas acenarem com a mão para eu não ficar lá com cara de tacho).
No início, admito que me incomodava um pouco essa “invasão” no meu passeio com as meninas; sentia uma certa falta de privacidade e não queria ficar falando sobre as minhas filhas com qualquer um em qualquer lugar. Hoje já estou mais acostumada. É assim; todo santo dia, em qualquer horário e local.
Com essa experiência, você percebe como as pessoas podem ser queridas com estranhos. Bebês têm esse efeito. As pessoas ficam fofas, fazem carinhas, falam com voz doce, colocam a imaginação para funcionar no esforço de chamar a atenção do bebê… Se fossemos assim com qualquer pessoa, adultas também, o mundo seria um lugar mais agradável para se viver. Com certeza!
Claro que também tem muita gente sem a mínima noção, que te aborda de maneira brusca e pouco educada. Os piores, na minha opinião, são aqueles que nem se preocupam em saber se as crianças estão dormindo e chegam de surpresa, falando alto; tem também os que se atrevem a mexer no bebê. Para esses, um recado: seja mais delicado, certifique-se se o momento é propício para puxar conversa e NUNCA, repito, NUNCA pegue no bebê. É feio, é grosseiro, e, além de tudo, pode transmitir doenças (mesmo que você seja uma pessoa saudável, o bebê ainda é um ser frágil e suscetível aos vírus e bactérias mais bobos que circulam por ai).
É assim que, dia após dia, seguimos fazendo vários “amigos” desconhecidos pelo caminho, sorrindo e causando sorrisos, o que, convenhamos, faz circular uma energia bem bacana.