NÃO COMPARE!

Brinquei dias atrás dizendo que um dos mandamentos de mães de gêmeos é não fazer comparações! Realmente penso isso, que não devemos comparar nossos filhos; eles são únicos e distintos, sejam gêmeos ou de idades diferentes.

Isabela e Laura sempre foram diferentes, a começar pelos traços físicos, cabelo, cor de pele, formato do rosto, essa parte mais evidente e perceptível ao primeiro olhar.

Com o tempo de convívio, outros traços foram se mostrando muito distintos: a personalidade, o olhar, o toque, o padrão de sono, a forma de dormir, o ritmo de alimentação, o jeito de mamar. As mínimas coisas foram se mostrando bem diferentes.

Acredito que pais de mais um filho tenham bem nítida essa ideia de que cada um é de um jeito. O interessante de se ter gêmeos é que essa diferença é toda vista ali, agora, no seu nariz, o tempo todo, todo dia. Não há aquele intervalo entre um filho e outro a atrapalhar as lembranças ou confundir a memória. É a vida ao vivo e a cores te mostrando como a natureza é sábia e cria seres únicos nos menores detalhes.

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Isabela é mais agitada, resiste ao sono, tem o riso fácil, é comilona, curiosa, calorenta, se joga, não tem medo, gargalha e também chora com muito sentimento.

Laura é mais quieta, se entrega ao sono, é friorenta, guarda o riso para soltar em momentos inesperados, calcula seus movimentos, observa, ignora, tem olhos expressivos e também misteriosos.

Agora que elas estão desenvolvendo habilidades motoras, as diferenças são ainda maiores. Confesso que, nos últimos tempos, a tarefa de não compará-las tem se tornado especialmente difícil.

Isabela começou a sentar primeiro. Laura sentou em seguida e logo engatinhou. Isabela tentava imitar a irmã, mas só conseguia se arrastar de barriga; quando começou a engatinhar, logo aprendeu também a ficar de pé. Laura demorou um pouco mais para se apoiar em pé. Isabela ganhou segurança e começou a dar os primeiros passinhos sozinha. Na seqüência, Laura desencantou e começou a andar “longas” distâncias sem cair. Hoje as duas já querem correr; como o equilíbrio ainda não é o melhor amigo, as quedas são certas. Um belo dia, Laura aprendeu a escalar o puff e passou para a poltrona da sala, o sofá, a cama. Isabela tenta imitar a irmã, mas ainda precisa de um empurrãzinho. Depois de subir, descer ilesa ainda é um desafio para ambas.

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Isabela, a mais agitada, na sua jornada de descobertas, mexe nos lugares mais inóspitos da casa, mas respeita mais o “não” e reage mais sensível às “broncas”. Laura, a mais quieta, desbrava a casa e o mundo de maneira mais refletida, explora de soslaio os lugares, ignora solenemente os “nãos” e as “broncas” para retornar inúmeras e repetidas vezes aos lugares proibidos.

Isabela começou tomando os brinquedos da Laura na mão grande; pegava o que fosse e saia na maior felicidade enquanto a irmã ficava em prantos. Laura aprendeu a lição e agora toma brinquedos, mamadeiras, copos, comidas e chupetas da irmã, sem pestanejar.

As duas detestam ficar sozinhas, ser contrariadas nas suas vontades e ficar amarradas com o cinto de segurança do carrinho de passeio ou da cadeirinha do carro.

Adoram dançar, conversar, jogar bola, bagunçar a estante de brinquedos, brincar de pique esconde atrás da cadeira de amamentação, abrir portas e gavetas. Isabela parece preferir abrir e Laura, fechar.

Cada uma escolheu seus brinquedos prediletos. Isabela ama o “au au” e o telefone; Laura adora carrinhos e encaixar pecinhas. Normalmente querem o brinquedo que está na mão da irmã, mesmo que tenha um idêntico consigo.

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Isabela gosta de ver a lua pela janela. Laura não resiste a um barulho de motor e pede colo para ver o carro ou a moto passando. As duas se assustam com barulhos mais estranhos e altos.

Enfim, uma infinidade de descobertas. Cada uma vive isso de um jeito bem único. É bacana de se ver; impossível não se admirar.

Admito que, no meio disso tudo, bem dentro de mim, faço algumas comparações. As vezes parece inevitável. Melhor seria não fazê-lo, para não correr o risco de ser parcial, injusta ou desrespeitosa com as meninas.

Respeitar individualidades… é lição a ser levada para toda a vida. Enquanto aprendo, repito internamente o mantra: “Não compare!”, “Não compare!”, “Não compare!”…

 

 

 

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